Por Genésio Korbes
No evento do HSM-2010 tive a oportunidade de conhecer Gary Hamel, da London Business School, e um dos maiores pensadores sobre gestão de empresas.
O especialista iniciou sua palestra perguntando aos 3.500 participantes: “Qual a mais importante invenção da humanidade nos últimos 100 anos?”. Seria a robótica, a penicilina, a Internet ou o automóvel?, pensei com meus botões. Nada disso – a inovação da gestão era a resposta.
Taylor, Fayol, Weber, Ford grandes expoentes da Escola Industrial no século passado, pregavam o planejamento, o controle da qualidade, dos processos, da organização e da hierarquia como princípios fundamentais para o êxito das empresas. Na realidade, todas essas linhas de pensamento continham dois grandes objetivos: aumentar o capital, com a remuneração dos acionistas, tendendo muitas vezes à cobiça; e aumentar a produtividade dos trabalhadores com a melhora da produção sem agregar custos.
Naquela época o controle tinha um papel importante e que sufocava qualquer movimento voltado para a imaginação humana e a criatividade. Hoje, ao contrário, pode-se afirmar que um dos fortes componentes da inovação na gestão é a liberdade, em diferentes esferas.
Mais do que isso, a liberdade é um dos três princípios que, segundo Hamel, desempenham papel central para a construção dos novos modelos de gestão. São eles: liberdade, variedade e lógica de mercado. Não existe empresa flexível cujo modelo de comando é o top down – daí a relevância do princípio da liberdade. Em segundo lugar, no que diz respeito à variedade, é imperioso o equilíbrio entre novas e diferentes experiências – que às vezes funcionam, outras vezes não – e a rigidez de certas estratégias. Além disso, o mercado, na maioria das vezes, é muito sábio – precisamos escutá-lo e seguir a lógica de mercado, pois sinaliza melhores caminhos.
Partindo deste pano de fundo, constata-se que as pessoas têm um papel fundamental na implantação de novos modelos de gestão. As pessoas cada vez mais escolhem o que querem e como querem fazer. Da mesma forma, as capacidades humanas como inteligência, obediência e diligência estão, cada vez mais, tornando-se commodities, e é difícil, competir só com essas características. Faz-se necessário formar times, equipes, pessoas que exerçam a criatividade, num ambiente em que sejam incitados a pensar diferente para fazer a diferença no mundo.
É neste contexto que Hamel menciona o conceito de responsabilidade reversa – colocar os funcionários em primeiro lugar e os clientes em segundo lugar, abrindo espaço para a capacidade de inovar e inspirar.
Por fim, gostaria de mencionar algumas condições imprescindíveis para se implantar uma real reengenharia da gestão:
- A presença em primeiro plano da coragem e da ousadia. Não temer experimentar coisas novas e diferentes.
- Fugir das imposições. Perseguir a colaboração das pessoas e exercitar o empreendedorismo.
- Pensar muito o futuro e tentar adivinhá-lo com pouca margem de erro.
A meta central neste novo modelo é moldar a empresa de tal forma que o ser humano seja o grande agente transformador, onde a iniciativa, a criatividade e a paixão façam parte do cotidiano. Neste ponto, mais uma vez, concordo com Gary Hamel, para quem, neste século, as empresas mais bem sucedidas serão as pioneiras em gestão – aquelas que escrevem as novas regras de gestão para uma nova era.
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