Por Jaime Gil Bernardes
Há um ano tenho sofrido de um mal que atinge a milhares de brasileiros: o desemprego. As estatísticas oficiais nos apontam que o número de desempregados é grande, mas também nos apontam que o número de vagas oferecidas e que não conseguem ser preenchidas são muitas. Uma incoerência, pois bastaria juntar os desempregados com as vagas oferecidas. Me parece que há uma falta conciliação entre os desempregados e os empregos em aberto.
Tenho tentado buscar uma colocação de várias maneiras, mas parece que não estou no lugar certo, na hora certa. As oportunidades que aparecem não se encaixam comigo e aquelas oportunidades que eu gostaria de ter, não me são divulgadas.
Mas onde buscar um emprego? As oportunidades se fazem aparentes em algumas mídias que me parecem insuficientes para atender as demandas de mercado, tanto por parte do desempregado como por parte do empregador.
Mas a busca é grande e selecionei alguns meios de me aproximar do empregador (e de certa forma, o que os empregadores estão fazendo pra se aproximar do empregado), descrevendo estes meios sob a ótica do desempregado.
Jornais
Ainda é o meio mais acessado, tanto pelas empresas como para os desempregados. É relativamente barato para as empresas mas não permite que o desempregado se apresentar para as empresas. Entretanto, o mercado (os profissionais de recursos humanos) cita que esta ferramenta de busca como ultrapassada, pois dizem que as boas vagas não são publicadas nos jornais, estando nas mãos de agências especializadas.
Sites de Empregos
Os sites de empregos, que teoricamente são grandes bancos de dados com currículos e com ofertas de empregos. Estes sites, na minha percepção, tem se mostrado um grande engodo, pois, apesar de contar com muitas vagas de empregos, o resultado esperado é bastante baixo. Observo, ainda, que muitas vagas são duplicadas (eram vagas existentes há muito tempo e são atualizadas, sendo que, quando existe a candidatura, o site informa que esta candidatura já foi feita, ou seja, uma vaga que não existe mais). Além disso, o telemarketing destes serviços estão muito atuantes, o que é uma coisa desgradável.
Alguns destes sites são muito ruins na acessibilidade e na busca. Não encontrei um legal que atenda a real necessidade do candidato. Outros são caros. Outros se dizem gratuitos, mas os que candidatos que pagam tem privilégios.
E, ainda, tem o aspecto que estes sites se multiplicaram, impossibilitando que um trabalhador possa assinar (e pagar) a todos. Além disso, não possuem um banco de dados único, tendo que cadastrar site por site, muitas vezes com uma interface complicada e não amigável. Existem, por exemplo, sites que só permitem inserir um curso de graduação ou apenas um curso de pós-graduação, sendo que temos no mercado inúmeros profissionais com mais de um curso de cada tipo.
E as ferramentas de busca são um fracasso para a informática, pois se queremos filtra por cidade (cada vaga tem sua cidade específica), aparecem vagas de outros lugares do Brasil, simplesmente porque a pessoa que cadastrou a vaga não especificou a cidade. Isso sem falar em filtros específicos como nome do cargo, nível hierárquico, salário, etc.
Headhunters
Os caçadores de cabeças só estão buscando quem já está empregado. Uma incoerência, pois justamente estes é que não precisam de emprego. Mas, pela visão destes profissionais, tirar um empregado de uma empresa vale mais do que pegar um que já esteja desempregado. Uma falácia.
Agências de Emprego
As agências de empregos ou consultorias de recursos humanos são interessantes para os desempregados, pois não tem custos para eles, cabendo o custo ao empregador, que é quem paga pelo serviço. Mas são muitas e muitas, sendo difícil conseguir acessar a todas.
Então, elas solicitam que seu currículo seja cadastrado no site deles, incorrendo no mesmo erro dos sites de empregos, onde a interface é ruim. Aliado a isso, existem centenas de agências, ou seja, centenas de currículos serem cadastrados, cada um de uma maneira diferente.
Agências de Outplacement
Muito legal, muito bacana, serviço de qualidade (em alguns casos). Entretanto é um serviço caro e que, para quem está desempregado, é inacessível. Funciona bem quando você está empregado e queira procurar novas oportunidades. O problema básico é que não há garantia de se conseguir um emprego. Pode sair muito barato se o objetivo for alcançado, mas será muito caro se o candidato não obtiver o emprego.
Contato direto da empresa com o candidato
Ou você leva seu currículo ou cadastra no site da empresa. Ambos são difíceis de fazer e nem sempre trazem retornos, pois o seu currículo termina numa “vala-comum”, esquecido dentro de uma pilha de outros currículos ou perdido dentro de um banco de dados. Vi uma iniciativa bem legal que permitia buscar as informações de um site de empregos, se você já tivesse cadastro naquele site.
Incorre, também incorrendo na mesma situação dos sites de empregos e das agências de emprego, onde tem cadastrar em todas as empresas que existem (ou seja, centenas de currículos serem cadastrados em centenas de empresas), cada um de uma maneira diferente.
Redes Sociais
Ainda é uma dúvida se há possibilidade de se obter empregos através de redes sociais. Existem grupos de discussão dentro das redes sociais que questionam se conhecem alguém que já foi recolocado através de rede social. Os resultados ainda são pífios.
Network
Realmente é a maneira mais interessante e confiável de se obter uma colocação. Entretanto, a rede de relacionamentos tem que ser ativa e conhecer as pessoas certas, o que não é muito fácil, principalmente quando os amigos “somem”.
Agências do SINE – Sistema Nacional de Emprego
As agências do SINE sempre possuem vagas disponíveis, sendo uma ferramenta interessante gratuita, tanto para as empresas como para o trabalhador. Os problemas se dá que as empresas não conhecem esta ferramenta e em geral são vagas de nível operacional, não contemplando muitas ofertas para coordenadores.
Homem- Sanduíche
No desespero, vista a fantasia de homem-sanduiche (aquela com um cartaz na frente e outro atrás) e vá para uma rua movimentada pedir emprego. Entretanto sugiro um shopping center, pois a possibilidade de conseguir o emprego é pequena e pelo menos você fica no ar-condicionado.
Inovação – Como deveria ser
Então proponho que seja criado um grande banco nacional de empregos, com acessibilidade fácil e unificação de conceitos a respeito no nome da cada vaga, de localidade, de nível hierárquico, de faixa de pretensão salarial, de nível de escolaridade, de experiências anteriores, da forma de contratação, do tamanho da empresa contratante, etc. Um único local para empresa e trabalhadores, sem custo, com uma interface amigável. Essa plataforma poderia ser gerenciada pelo governo federal em parceria com os governos estaduais, ou mesmo pelo SINE.
Com essa confusão, desenvolvi um projeto de construir um site que possa unificar este assunto. Não resolveria o problema. Não seria um banco de dados, mas daria o apoio necessário para quem busca um emprego, mostrando aos candidatos e as empresas onde procurar. Apenas isso, um guia de orientação de onde buscar um emprego e de onde estão os candidatos. Ajudaria as empresa a localizar funcionários em todos os níveis.
Mesmo com a tecnologia da internet e de banco de dados, ainda é difícil de conciliar desempregados e ofertas de emprego. Temos que achar um meio mais fácil de juntar estas duas necessidades.
Adorei o Homem-Sanduíche. Fazia algum tempo eu não dava boas gargalhadas. Você sabe que quando se está desempregado, você quase não ri, né? Mas foi de repente. Diante da seriedade do texto, das colocações, de repente, não mais que de repente - o Homem-Sanduíche. Continuo rindo. Adorei!!!!!
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