Por Jaime Gil Bernardes
Será que as únicas inovações que ocorreram na área contábil desde os tempos de Lucca Pacioli foram a invenção da “maquina de contabilidade” (lembram das AUDIT) e a introdução do computador?
A própria contabilidade foi uma inovação na maneira de gerenciar os negócios, pois antes do método das partidas dobradas (idealizado por Pacioli), o gerenciamento era somente pelo caixa, desprezando aspectos econômicos. Peter Drucker já enfatizava que “não se gerencia o que não se controla”.
Com certeza, quando a contabilidade passou a ser feita por computadores, as melhorias foram significativas, não no aspecto de diminuir a quantidade de pessoas em um escritório contábil, mas a capacidade de processar informações.
Mas isso é pouco, pois são apenas informações. Temos que dar valor a estas informações. O que temos que inovar na contabilidade é pensar no produto que ela proporciona: a informação precisa, tempestiva e confiável.
Quando conceituamos inovação, temos que estas podem ser radicais ou incrementais e podem ser classificadas, de acordo com o Manual de Oslo, em inovação de processos, de gestão, de produto ou de marketing.
Então, se o produto da contabilidade é a informação, temos que parar de pensar que o contador é apenas um “cara que fica sentado atrás da coluna digitando notinhas”. O contador é o real gestor da informação em uma organização. Basta ver que os E.R.P.s convergem todos os seus esforços no rumo da contabilidade. É lá que está a sumarização de tudo que ocorreu na empresa.
Infelizmente nem os contadores sabem muito bem disso e ainda são tratados (e se consideram) apenas como funcionários que apuram os tributos. Felizmente, muitas empresas já estão tratando a contabilidade e seus derivados (custos, relatórios gerenciais, orçamento empresarial, auditoria, controles internos, tributos, etc.) como um poderoso sistema de informações. É o papel que está assumindo o Controller. E mais, a Controladoria Estratégica está cada vez mais presente nas importantes decisões. Cabe lembrar que o papel da controladoria é fazer com que os interesse do indivíduo (funcionário ou mesmo um setor) não se sobreponha aos interesse do grande grupo (a empresa), que traduzimos como a própria estratégia.
E quanto a agregar valor ao cliente, a contabilidade tem este poder? Quando pensamos nas três grandes classes em que os processos estão divididos, sendo (a) aqueles que agregam valor ao cliente, (b) aqueles que não agregam ao cliente e podem ser suprimidos e os (c) processos que não agregam valor ao cliente mas não podem ser suprimidos, classificamos a contabilidade neste último grupo. Justamente a inovação do produto contábil (a informação) tem que passar para o primeiro grupo, agregando valor ao cliente, seja numa análise de custos detalhada, numa análise da evolução de fidelização do cliente, num orçamento bem feito onde os investimentos sejam efetivamente planejados e concretizados ou mesmo numa análise de governança corporativa que permite diminuir custos.
Cabe aos contadores tirar suas mesas de trás da coluna e se engajarem nas análises de processos organizacionais e se postarem como entregadores de valor, seja para a organização, seja para o cliente, com informações amplas e precisas, sem perder o valor do detalhe.
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