segunda-feira, 2 de maio de 2011

Redução de custos: Que método sua empresa adota?

Por Simone Espindola de Oliveira
Nenhum assunto é mais atual e necessário dentro do ambiente corporativo do que o tema “redução de custos”.
Para as empresas que competem no mercado através de uma estratégia de custos baixos, nada é mais evidente e imprescindível do que este assunto.
No entanto, trabalhar em ações de redução de custos de maneira planejada, orçada, calculando-se os impactos de cada projeto de melhoria nos custos dos produtos e nos resultados globais da empresa antes mesmo destes projetos acontecerem, é ainda atitude adotada por poucas empresas.
A pró-atividade ainda não faz parte da rotina do dia a dia de muitas empresas.
Na realidade, nestas empresas, qualquer ação é tomada apenas quando o ponteiro resultado” aponta para o vermelho. Neste caso, não adianta reduzir mais nada, os competidores já o fizeram primeiro.
Seria como tentar curar uma gripe tomando vacina contra a gripe. O cidadão deveria ter tomado a vacina antes de pegar a gripe.


Custo é gordura. É impossível uma empresa ser financeiramente saudável e competitiva com o colesterol nas alturas.
O ideal é ser proativo e agir de modo a não permitir que o “colesterol” suba, em outras palavras, se não quer ficar “gordo”, corra antes que isto aconteça, pois a profilaxia é infinitamente mais barata que a cura.
O mercado cada vez mais pressiona os preços para baixo e, ao mesmo tempo exige qualidade nos produtos fornecidos.
Em outras palavras, produtos ou serviços, de um modo geral, se aproximam de cada vez mais de uma espécie de commodities do setor secundário ou terciário, com margens unitárias apertadas, produzidos em grandes quantidades e por diferentes produtores/prestadores de serviços (competidores) e, em regra, com um nível de qualidade praticamente uniforme.
Existem empresas que, por exemplo, assinam contrato para fornecer produtos para um determinado cliente já prevendo uma redução de preço para os próximos meses.
Neste caso, obviamente, a empresa só tem uma saída: Ou reduz custo de maneira planejada ou desiste! Baixar a qualidade da matéria-prima (custo variável), nestes casos, é praticamente impossível uma vez que o cliente também já coloca no contrato as especificações do produto com todas as suas exigências em relação a matéria-prima dos produtos encomendados.
Logo, se posicionar como competidor em custos e não utilizar ferramentas e algoritmos adequados para medir, rastrear e reduzir estes custos, faz com que este tipo de “competidor” fique em uma posição de extrema fragilidade perante a concorrência que certamente trabalha no seu dia a dia buscando formas de melhorar seus custos e se tornar mais competitiva.
Sua empresa pode optar por basicamente dois caminhos de redução de custos:
1. Redução de custos “não qualificada”:
Normalmente é focada no custo variável, na matéria-prima.
É aquela redução custo que o cliente percebe e se sente lesado, ou seja, aquela que impacta na qualidade, na vida útil, no volume ou na funcionalidade do produto.
Normalmente estas ações residem em diminuir a quantidade/volume de produto por unidade vendida ou substituindo as matérias-primas por outras de qualidade inferior.
Deste modo a empresa não reduz o seu colesterol, ao contrário, tenta emagrecer fazendo com que o cliente corra por ela e ainda pague por sua ineficiência.
Por ex.: Reduzir o número de metros do rolo do papel higiênico, reduzir o tamanho do pacote de biscoito, colocar soda cáustica e água oxigenada no leite para aumentar o volume, colocar bromato de potássio nos pães, diminuir a quantidade de refrigerante da garrafinha, reduzir o comprimento da camiseta ou piorar a qualidade do produto.
Qualquer pessoa consegue elencar uma série de produtos que pioraram a qualidade do produto ou a quantidade da embalagem ao longo do tempo.
Este tipo de redução de custo é normalmente feita somente em cima do custo variável, ou melhor, focando apenas no custo de matéria-prima.
Há ainda casos piores como as empresas que ainda acreditam que reduzir custos reside no corte do cafezinho, na demissão da secretária ou na baixa qualidade do refeitório.
2. Redução de custos “inteligente” ou redução de custos “Lean”:
É a aquela redução que o cliente não percebe, ou melhor, percebe apenas no reflexo no preço do produto comprado e ainda ganha pontos em fidelização.
Funciona da seguinte maneira: Se a empresa eliminar um desperdício da fábrica, reduzir estoques intermediários, eliminar transportes internos, operações que não agregam valor, melhorar processos de fabricação, substituir maquinas obsoletas por mais modernas, simular e planejar cenários, o cliente não percebe a redução de custo pois esta não impacta na qualidade e nem na vida útil do produto.
Enfim, e a empresa melhora a produtividade, seus custos, pode praticar preços melhores, aumenta seu nível de competitividade e ainda fideliza o cliente.
Além de focar nas operações que não agregam valor ou nos desperdícios ela também pode melhorar a produtividade de uma operação/atividade que agrega valor. Uma ação desta natureza pode, muitas vezes, trazer muito mais retorno para a empresa do que focar apenas na eliminação de um desperdício.
Para simular quais os projetos que são mais vantajosos em termos de redução de custos e retorno financeiro para a empresa, a empresa pode utilizar o módulo de simulação UEP especialmente desenvolvido para simular cenários considerando toda e qualquer variável que pode impactar nos resultados da empresa: mix produtivo, processos alternativos, eliminação de desperdícios, substituição de equipamentos, substituição de processos manuais por automatizados, dissídios salariais, aumento de insumos e/ou matérias-primas etc.
Obviamente, não podemos trabalhar com a idéia de formação de preços de vendas, pois quem faz o preço é o mercado, principalmente para os competidores de estratégia de custos.
O mercado cada vez mais pressiona os preços para baixo e exige qualidade no produto fornecido. Existem casos de empresas que assinam contrato de fornecimento de peças já prevendo uma redução de preço para os próximos meses, cláusula muito comum no fornecimento de peças para a indústria automobilística.
Importante ressaltar: Redução de preço não é redução de custo!
Em outras palavras, eles exigem a redução de preço, mas é a empresa que tem que planejar e realizar ações de redução de custo para que não perca dinheiro. A única alternativa existente para fugir da pressão do mercado é optar por perder os clientes.
Portanto, fazer uso de um modelo matemático para reduzir custos é fundamental.
Logo, devemos partir de um preço de mercado ou preço estratégico, deduzir a margem desejada e trabalhar com a idéia de custo alvo ou “target costing”.
A rentabilidade unitária dos produtos, que depende diretamente dos custos unitários, é informação vital para a elaboração de uma boa estratégia de vendas e na elaboração de um portfólio de produtos mais lucrativo.
Em resumo:
O lucro de uma empresa depende do resultado das vendas que depende das rentabilidades unitárias dos produtos que dependem dos custos unitários destes mesmos produtos e que, para serem favoráveis para a empresa, dependem das ações de melhoria e redução de custos.
Um bom sistema gerencial de custos deve fornecer aos seus usuários no mínimo:
- Precisão: Abandonar médias, rateios e critérios duvidosos de distribuição;
- Capacidade de rastreamento das oportunidades de redução de custos, melhoria nos processos de fabricação e administrativos, identificação e,principalmente, mensuração dos impactos dos desperdícios nos custos dos produtos;
- Simular cenários futuros: um bom sistema gerencial não pode ser limitado aos custos ocorridos no passado. Ele deve prover o usuário de um ambiente de simulação capaz de modelar matematicamente o futuro considerando variáveis como: dissídios salariais, produtos em fase de p&d, mix produtivo, processos alternativos, substituição de equipamentos, projetos kaizen etc.
- Confiabilidade. A pergunta que fica é: Você confia nos seus números de custos?
- Métricas importantes e confiáveis para que a área de vendas monte estratégias mais lucrativas no curto e longo prazo tendo em vista que a missão da área de vendas não é vender. É trazer resultados para a empresa!

Simone Espíndola de Oliveira é Sócia-Diretora da TECNOSUL Consulting Ltda (www.tecnosulconsulting.com.br), autora do livro Gestão de Custos - Metodologia para a Melhoria da Performance Empresarial - Lean Costing Através do Método UEP - Unidade de Esforço de Produção juntamente com Valerio Allora 

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