terça-feira, 31 de maio de 2011

Gestão adequada possibilita crescimento de 48% de hospital


Por Cínthya Dávila em saudeweb.com.br
Mais do que organizar e estabelecer padrões à rotina do hospital, as ferramentas de gestão também contribuem para a melhoria da qualidade e sustentabilidade econômico-financeira da instituição. Segundo o superintendente administrativo do Hospital Moinhos de Vento, Fernando Andreatta, de Porto Alegre, a adesão de um plano de gestão adequado possibilitou que o hospital aumentasse sua receita em 48% no período de 2006 a 2010.
Andreatto participou do XVI Congresso Brasileiro de Gestão Financeira e Custos Hospitalares, da Adh 2011, realizado na tarde desta quarta-feira, (25).
Ele conta que no ano de 2006 o hospital possuia uma receita de R$175 milhões, muitas dívidas e atendimento que precisava de mudanças. Com um novo modelo de gestão a organização conseguiu alcançar a receita de R$259 milhões, um corpo de colabores engajados e atendimento de qualdiade.
Para melhorar sua realidade, o Moinhos de Vento adotou o sistema de Co-Criação. “Esse método consiste em incluir as partes interessadas para construir os seus objetivos”. Para ele, as empresas co-criativas possuem menor possibilidade de errar, pois constroem seu modelo baseado na vontade de todos aqueles que possuem relação com o negócio.
Segundo Andreatta, diante desse novo modelo de gestão, a organização se viu diante de um desafio. “Tivemos que transformar diversos setores que eram separados em uma única equipe. Falando em termos teóricos parece fácil, mas integram diferentes departamentos é uma tarefa delicada”.
Além de integrar e capacitar as diferentes áreas do hospital para que estabelecessem uma relação próxima, o superintendente administrativo conta que como parte do novo método de gestão, também foi necessário ouvir o que cada esfera esperava do hospital. Ele ressalta que conversaram com pacientes, membros da instituição, empresas e operadoras.
Com o armazenamento de dados, o hospital teve a chance de analisar os objetivos e elaborar um plano de estratégia que visava construir um novo modelo de gestão, juntamente com o cumprimento dos objetivos propostos.
Além de descobrir o que precisava ser melhorado, o estabelecimento se viu diante de um novo desafio, o de colocar em prática as metas atribuídas. Para poder implantar os novos métodos com sucesso, a equipe foi ao mercado procurar por uma ferramenta de gestão que possibilitasse o armazenamento de informações e padronização de processos.
A aquisição de ferramentas de gestão que supriam as necessidades elaboradas pelo hospital, juntamente com o trabalho de integração entre os setores, capacitação de profissionais, participação das diversas partes e disciplina para colocar as estratégias em prática possibilitou que paulatinamente o histórico de 2006 fosse mudado.
“Há mais de dois anos discutimos periodicamente os objetivos traçados e as conquistas obtidas com a participação setorial. Discutimos custos não apenas com o departamento financeiro e sim com o corpo médico, elaboramos melhorias no departamento de recursos humanos com a participação do financeiro e outros departamentos”.
Parceria com a concorrência
O hospital Moinho de Ventos desenvolveu ao longo dos anos um modelo de parceria com os estabelecimentos concorrentes. “Atualmente compramos materiais com preços mais baratos do que dois anos atrás, pois nos integramos com os nossos principais concorrentes.”
Ele completa ao dizer que isso possibilitou que fosse alcançado poder de negociação com as empresas.
Fidelização dos colaboradores
Mais do que investir em melhorias, o superintendente afirma que é necessário investir na fidelização dos colaboradores. “Pessoas entregam resultados, mas resultados não entregam pessoas”. Diante dessa realidade, Andreatta ressalta que a principal motivação para que algo seja melhorado é a importância que as pessoas atribuem ao tema.

domingo, 29 de maio de 2011

Venda Bem a Sua Ideia

Por Gisela Kassoy - www.giselakassoy.com.br

A mulher de César precisava ser e parecer honesta. Uma ideia precisa ser e parecer boa.Sou consultora em Criatividade e Inovação. Meu trabalho é provocar ideias e garantir que elas não sejam desperdiçadas. E o primeiro passo é comunicá-las bem. 
As pessoas tendem a se entusiasmar tanto com sua criação que acreditam que todos vão acatá-la. As vezes, o que acontece é o oposto: conhecer algo novo exige uma revisão da ideia existente. Isso causa inquietação e portanto rejeição. 
Existem táticas simples que ajudam a vender uma ideia. Vamos a elas: 
•Planeje e Ensaie a Venda da Ideia - Tenha conversas informais sobre a ideia. Leve em conta as características de seus interlocutores e as razões pelas quais eles aprovariam ou reprovariam sua ideia. A pessoa que elogiou sua ideia era neutra ou aprovou por interesse? As críticas foram construtivas ou vieram de pessoas pessimistas? Anote todos os comentários e perguntas. Você poderá usá-los para aprimorar sua ideia e sua apresentação; 
•Ganhe Cúmplices - Comece contando sua ideia para as pessoas mais abertas. Assim, sua ideia estará fortalecida ao ser apresentada às pessoas mais conservadoras. Anote os feed-backs positivos, eles servirão de argumento. 
•Prepare-se para Vender a Ideia aos Mais Resistentes - Imagine todos os aspectos negativos da sua ideia. Você assim estará preparado para dizer aos seus interlocutores.”já pensei nisso, mas podemos ..." Esta frase demonstra segurança e irá tirar seus interlocutores da posição de críticos.Arme-se psicologicamente também. Não conte seu plano às pessoas negativas logo no início. Elas poderão desanima-lo. 
- Pergunte Por que não? – Ao ouvir uma rejeição, pergunte “por que não?” para que ambos sejam objetivos na tentativa de descobrir as objeções. Talvez você possa encontrar razões pertinentes e uma adaptação à sua ideia poderá torná-la ainda melhor; 
- Apresente um Projeto - Para apresentar sua ideia, embale-a de forma mais profissional possível. Aponte os resultados que ela trará, calcule o custo-benefício, faça um plano de ações. Priorize, entretanto, os focos de interesse e faça um índice: a intenção não é desfilar um calhamaço enorme, mas sim dar segurança ao interlocutor de que seu projeto foi devidamente estudado. No momento da apresentação formal, valorize os benefícios e detalhe apenas o que for perguntado. Uma forma rápida e interessante de mostrar os benefícios de uma inovação é dar um nome que explica de imediato seu propósito. É o caso geladeira frost free, da mini van e da revista Vencer; 
- Seja Claro - Evite deixar o seu interlocutor confuso: ele será tentado a desistir da ideia só para não se dar ao trabalho de entendê-la; 
- Evite Detalhamento do Plano de Ações - Isto fará com que seu interlocutor veja a implementação de sua ideia como uma “trabalheira”. O Plano de Ações terá o seu momento, mas não deve servir de argumento para a rejeição à ideia. Por outro lado, se seus interlocutores estiverem ávidos para discutir o Plano de Ações, é bem provável que já tenham comprado a ideia; 
- Garanta Credibilidade – Se você não for suficientemente conhecido, apresente seu currículo. Mencione também as fontes do seu estudo. Mostre análises consistentes sobre a receptividade do mercado e custo-benefício da implementação. 
•Envolva as Pessoas – Instigue a curiosidade de seus interlocutores, faça com que eles cheguem à sua ideia. Cite a frase de alguém que o levou a pensar naquela ideia, por exemplo. Apresentando a ideia como um produto do grupo você evita ciúmes e favorece o envolvimento; 
•Seja Flexível - Acredite nos outros. Talvez sua ideia possa mesmo ser aprimorada. 
Einstein dizia que realizar uma ideia requer 1% de inspiração e 99% de transpiração. A venda ocupa uns 50% .

Veja também o vídeo Como Vender sua Idéia: http://vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/videos/como-vender-suas-ideias-507300.shtml
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terça-feira, 17 de maio de 2011

Gestão de Processos em Hospitais

Por Jaime Gil Bernardes

Nas organizações hospitalares ouve-se muito que tal assunto, tal atitude é processo, ou ainda, é “processual”.  Mas na realidade as organizações hospitalares e seus integrantes, de uma maneira geral, não conhecem seus processos, cabendo um esclarecimento sobre o que realmente é um processo e de que maneira o conhecimento dos processos pode propiciar melhoria na qualidade e na redução de custos, considerando, neste momento, que qualidade pode ser separada em qualidade percebida e qualidade intrínseca.
Um trabalhador comum, assalariado, dito “tarefeiro”, que cumpre ordens de um modelo burocrático e hierárquico, que muitas vezes não possui nem o conhecimento básico necessário para exercer sua própria atividade, presumidamente não tem condições para entender conceitos administrativos e, ainda, não percebe o que significa “um processo”. E este mesmo trabalhador, um dia será o supervisor e quem sabe o gerente de seu staff, que trabalhará por gestão de processo sem entender realmente o que é isso.
Esta é uma situação que deve ser alterada, face a importância que a análise de processos apresenta, principalmente em organizações hospitalares, onde o produto final é a saúde.
Definir o que é processo e como funciona a interligação entre os processos é um aspecto relativamente simples na indústria, onde é visível a delimitação e as fronteiras dos processos. Mas como funciona nos serviços? Mais complicado ainda, como isso funciona em uma organização hospitalar?
Processo, então, é qualquer atividade que recebe uma entrada (input), realiza uma transformação que lhe agrega valor e gera uma saída (output) para um cliente externo ou interno, fazendo uso dos recursos da organização para gerar resultados concretos.
Almeida define processo como “o conjunto de recursos – humanos e materiais – dedicados às atividades necessárias à produção de um resultado final específico, independentemente de relacionamento hierárquico”. Define, ainda como a sequência de atividades que transforma insumos em produtos finais, ou serviços, de muito maior valor para o cliente final. (ALMEIDA, 2002).
Devemos, entender, ainda, que existe uma hierarquia de processos, assim definidos:
·         Macro processo: é um processo amplo, que geralmente envolve mais de uma função da organização, e cuja operação tem impacto significativo nas demais atividades da organização. Dependendo da complexidade do processo este é dividido em sub-processos.
·         Sub-processo: divisões do macro processo com objetivos específicos, sendo organizado de acordo com as linhas funcionais. Os sub-processos recebem entradas e geram suas saídas em um único departamento.
·         Atividades: Os sub-processos podem ser divididos nas diversas atividades que os compõem, sendo, ainda, detalhados em tarefas. Para fins deste estudo os processos são desmembrados até o nível de atividades. A figura abaixo esquematiza a hierarquia do processo.
Sob o ponto de vista de aplicação de processo como ferramenta para a busca da melhoria da qualidade e da produtividade, Almeida coloca que as atividades devem possuir as seguintes características:
·         Ser interdependentes – sem isso seriam apenas atividades avulsas, que não objetivariam resultados;
·         Receber produtos parciais mensuráveis – se não puder ser mensurado, não se pode avaliar o desempenho;
·         Fazer algo, modificar o produto parcial recebido – agregar valor;
·         Gerar produtos também mensuráveis – se não puder ser mensurado, não se pode avaliar o desempenho;
·         Ser repetitivos (se não for repetitivo não será um processo e sim um projeto)
No acompanhamento da sequência do processo como um todo em uma organização comercial ou industrial, é observando de que maneira um produto ou serviço é alterado dentro da organização, constituindo, desta forma, um processo inter-setorial, conforme mostrado no fluxo abaixo:

           

Observa-se neste fluxo que um produto ou serviço “atravessa” os vários processos de uma organização, sendo que este mesmo produto ou serviço faz que haja uma “integração” entre estes processos. A isso é chamado de transverticalização de processos.
A literatura a respeito da gestão de processos na área hospitalar é pobre, cabendo se basear e adaptar os conceitos aplicáveis na indústria, onde já temos bastante material que pode ser pesquisado sobre este assunto.
Abaixo, é apresentado um quadro comparativo entre as características que diferem a análise dos processos nos serviços, na indústria e nas organizações hospitalares (adaptado de Lowental, citado por Lima-Gonçalves):

Característica
Indústria
Serviço
Organização Hospitalar
Propriedade (quem é o responsável)
Definição geralmente clara
Tende a ter vários donos
Existe uma discussão muito grande na participação do profissional médico no processo, no momento em que ele é responsável pelo paciente, mas, como autônomo, não é integrante da organização.
Fronteiras (pontos inicial e final)
Claramente definidos
Pouco nítidas, difusas
Os processos podem seguir uma linha de ação, mas, tanto no processo assistencial como no burocrático, pode sofrer um revés e voltar para a fase inicial, bem como pular muitas das fases.
Pontos de controle (regulam a qualidade e dão feedback)
Estabelecidos de forma clara e formal
Frequentemente não existem
Alguns existem, conforme protocolos operacionais
Medições (base estatística do funcionamento)
Fáceis de definir e gerenciar
Difíceis de definir, geralmente não existem
Existe, difíceis de controlar
Ações corretivas (correção de variações)
Muito freqüente as ações preventivas
Geralmente ocorrem de forma reativa
Nos processos assistenciais não há possibilidade de ações corretivas. Nos processos administrativos ocorrem de forma reativa.
A análise de processos é muito importante principalmente por que os valores pagos pelos agentes que financiam a saúde, seja o sistema privado ou o sistema público, são baixos quando comparados com os custos de execução operacional, necessitando de constante análise e diminuição destes custos, que se dá em processos cada vez mais enxutos. Aliado a isso, temos que a qualidade intrínseca (efetividade, resolutibilidade, entrega de resultados satisfatórios) e a qualidade percebida (acessibilidade, rapidez, simpatia) tem que ser cada vez maior, face a necessidade de proporcionar a cura ao paciente, bem como proporcionar um atendimento agradável, que o trará de volta quando for necessário.


Portanto, o entendimento e a visão do processo são ferramentas fundamentais na compreensão das interconexões internas e na montagem de ferramentas de gerenciamento. Através desta visão de sistemas, o gestor de uma organização pode estabelecer ações em busca do processo adaptativo contínuo que o ambiente lhe impõe, sugere Bittencourt e Oliveira (2007).
Importante a fala de Nogueira que coloca que “O controle dos processos é absolutamente fundamental porque, de acordo com o Prof. W.E.Deming, de 85 a 95% dos problemas são resultado de falha nos processos, e não de falha das pessoas. Isto é uma incrível mudança de referencial. Diante de um problema, a nossa primeira tendência, em geral, é procurar o ‘culpado’- ‘quem fez isso?’ quando deveria ser ‘por que isso aconteceu?’. Quantas vezes temos visto organizações permeadas pela cultura do medo, em que as más notícias devem ser ocultadas, maquiando-se dados, e, quando não houver nenhuma maneira de ocultá-las, é melhor que se coloque a culpa em outro – alguém tem de ser o bode expiatório – ‘as responsabilidades serão apuradas e os culpados serão punidos’. (NOGUEIRA, 1999).
Portanto, é de extrema importância conhecer os pontos a serem mantidos, os pontos fortes, os pontos fracos (cabendo até uma correlação com uma análise SWOT - um acrônimo de Forças - Strengths, Fraquezas - Weaknesses, Oportunidades - Opportunities e Ameaças - Threats), os processos desnecessários, os processos que realmente agregam valor e, tudo isso, de uma forma sistêmica, visual, global, através do desenho do grande processo do hospital, dividido em processos setoriais, mas de tal forma que se interliguem e que entendamos esta interligação.
Quando um hospital analisado por um modelo gráfico, por meio de um fluxograma de mapeamento dos processos, este possibilita o entendimento do processo atual e permite o desenho do novo, indicando pontos problemáticos, impactos sobre desempenho e soluções, bem como possibilita, ainda, documentar os processos.
Alternativamente ao modelo de gestão por processos, temos a gestão por função, um modelo tradicional, onde não há a dinâmica necessária para a gestão moderna, pois a gestão por função depende da capacidade do indivíduo e não da capacidade da equipe de trabalho. O indivíduo não trabalha apenas em sua área, mas atua no processo. (LIMA-GONÇALVES, 2000).
Com a clarificação dos processos (conhecimentos) e suas interligações, os feudos funcionais tendem a desaparecer e o corpo funcional tende a trabalhar de forma mais colaborativa, pois irá perceber as características e dificuldades dos processos anteriores e posteriores, não focando mais em interesses de seu próprio setor, mas da organização como um todo, objetivando resultados e o desempenho global. Também a comunicação melhora e os conflitos tendem a diminuir.
As organizações em geral travam batalhas heróicas na busca de melhores resultados, sejam eles oriundos de diminuição de custos ou aumento de receita com a manutenção do mesmo nível de custos. Isso se aplica, também, para as organizações da área da saúde, onde os custos crescentes não são acompanhados da remuneração justa oferecida pelas fontes financiadoras, seja ela particular, de planos de saúde ou mesmo do sistema público.
Esta busca de custos menores muitas vezes está atrelada a estratégia organizacional ou a forma de gerencia adotada. Porter cita que “os encargos administrativos são altos em todos os tipos de atendimento à saúde, com poucos benefícios aparentes em termos de assistência ao paciente”. Este autor coloca ainda que “os levantamentos indicam que tanto médicos quanto enfermeiros gastam de um terço a metade de seu tempo com papelada”. (PORTER, 2007).
Isso nos leva a refletir de como criar valor na saúde, com resolutibilidade e rapidez, atendendo a expectativa do paciente a um custo adequado. 
Christensen, Griossman e Hwang recomendam que os hospitais desconstruam suas atividades em dois diferentes modelos de gestão operacionais: as atividades de centro resolutivo e as atividades com processo que agrega valor. Complementarmente cita que “quando os recursos, os processos e o modelo de lucro de uma organização estão voltados para uma tarefa a ser feita, então – e só então – eles podem ser integrados de um modo correto e otimizado, capaz de executá-la com a máxima perfeição possível. (CHRISTENSEN; GROSSMAN; HWANG, 2009).
Por conseguinte, para que se possa oferecer uma proposição de valor ao consumidor (paciente), os administradores normalmente precisam lançar mão de um variado conjunto de recursos, que incluem pessoas, produtos, propriedade intelectual, suprimentos, equipamentos, instalações, dinheiro e assim por diante. (CHRISTENSEN; GROSSMAN; HWANG, 2009).
Christensen, Griossman e Hwang ainda complementam que com o trabalho sistemático para a consecução da obtenção de valor ao cliente (paciente), os processos se unem, sendo que são os processos que determinam como os recursos deverão se combinar para gerar a proposição de valor.
Um fluxo básico de atendimento em um hospital se dá pelo acompanhamento do seguinte macro processo:


Cabe ressaltar que processo é diferente de procedimento, sendo que o procedimento está relacionado com a tarefa. O procedimento operacional é um tipo de padrão voltado para a tarefa, e se destina a fixar condições de execução de quaisquer operações de conteúdo técnico e administrativo. (TACHIZAWA; SCAICO, 1997).]

Segundo Lima-Gonçalves (2000), entender como funcionam os processos e quais são os tipos existentes é importante para determinar como eles devem ser gerenciados para a obtenção do máximo resultado. Afinal, cada tipo de processo tem características específicas e deve ser gerenciado de maneira específica. Os processos organizacionais devem ter capacidade de resposta aos estímulos semelhante à demonstrada pelas criaturas vivas.

A gestão por processos difere da gestão por funções tradicional em pelo menos três variáveis: (1) se apóia em objetivos externos; (2) os colaboradores e recursos são agrupados para produzir um trabalho completo; e (3) a informação segue diretamente para onde é necessária, sem a interferência da hierarquia. O sucesso da gestão por processos está ligado ao esforço de minimizar a subdivisão dos processos empresariais.
Portanto, executar uma gestão por processos é analisar o macro processo e entender cada fase por onde um produto ou serviço passa. O caso de um hospital, o produto final é a saúde do paciente, e pode ser representado pelo fluxo abaixo:


No fluxo acima podemos perceber que em uma organização hospitalar, o paciente é peça chave do processo, pois entra na organização através da recepção, passa a ser atendido na área assistencial, tem suas movimentações anotadas e levadas ao setor de faturamento, passando os seus registros pelo financeiro, até esta informação chegar na contabilidade. Isso tudo com o suporte das outras áreas operacionais e administrativas.
Tachizawa e Scaico (1997) colocam que a visão horizontal, ou de sistema, de uma organização, em contraponto a perspectiva de um organograma funcional tradicional, permite incluir três elementos que normalmente faltam nos modelos de representação de uma organização: o cliente, o produto e o fluxo de trabalho. Colocam, ainda que permite visualizar como o trabalho é realmente feito por processos que cortam fronteiras funcionais e evidenciam os relacionamentos internos entre cliente-fornecedor, por meio dos quais são gerados produtos ou serviços.


Este autores acrescentam que “A gestão por processos, diferentemente da administração funcional, coordena todas as tarefas e atividades inerentes ao(s) processo(s) sob gestão da área de domínio delimitada hierarquicamente vinculada a cada Gerência de Serviços/Processos definida. Tal definição tem como ponto de partida a delimitação de todos os processos da organização feita a partir da aplicação da metodologia de padronização de processos, em suas fases de mapeamento global dos processos através de macrofluxogramas e decorrente identificação dos processos-chaves da organização”.

De acordo com estes mesmos autores, devem ser observadas, metodologicamente, sete etapas para a análise, racionalização e padronização dos processos já existentes na organização, bem como para a criação de novos processos.
1.      Identificar os processos-chaves da empresa – enfocados de forma independente ao organograma, não guardando relação com a estrutura organizacional da empresa;
2.      Estabelecer, por processo e de forma organizada, os fornecedores, insumos, tarefas, produtos e clientes – utilizar o fluxo básico, selecionar as tarefas prioritárias para a realização dos trabalhos, dentro do prazo do projeto e elaborar um fluxo básico para as tarefas consideradas prioritárias, elaborando um fluxograma geral por processo estabelecido na forma de macrofluxograma;
3.      Elaborar e analisar a matriz de responsabilidades do processo - enfocar a distribuição de responsabilidades por todas as tarefas, entre os setores ou funções envolvidas e para cada tarefa prioritária;
4.      Definir por tarefa prioritária as características da qualidade, indicadores, fórmula de obtenção dos indicadores, frequência, modo de realizar a e responsável pela medição;
5.      Elaborar o “Procedimento Operacional” para cada tarefa que compõe o processo – tais documentos devem inserir-se naturalmente na arquitetura de documentos normativos da empresa – elaborar fluxograma de colunas para cada tarefa considerada prioritária;
6.      Efetivara a implantação de processos padronizados – desenvolver u programa de treinamento conforme procedimentos operacionais; e
7.      Monitorar e acompanhar a operacionalização do processo por meio de auditagem.
Portanto,  a gestão de processos tem como objetivos a economicidade, a visão de agregar valor ao cliente e o respeito à estratégia da organização. Um processo tem que criar algo novo. Mais do que isso: só tem razão de existir se for proporcionar valor ao cliente: esta é a grande questão da análise e de sua existência.
Na realidade podemos ter processos que não agregam valor ao cliente mas que são necessários (como alguns processos administrativos). Mas é imperdoável termos processos que não agregam valor ao cliente e que não são necessários. Estes devem ser descartados de imediato.
Então, o cliente é a razão fundamental para existência de um processo, bem como este deve estar devidamente alinhado com a estratégia, que é a razão de ser da organização.



[Veja também: 
Gestão de Processos em Hospitais 2: Objetivos e Benefícios - http://goo.gl/BA0SO
Por que Gerir ou Analisar Processos em Hospitais - http://goo.gl/jhGR8]

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Léo G. Gestão de processos e a gestão estratégica. Rio de Janeiro: Qualitymark, 202. 152p. ISBN 8573033878
BITTENCOURT, Otávio N.S.; OLIVEIRA, Leonardo R. Análise de processos em hospitais. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção / UFRGS, capturado da Internet em 15/02/2007.
CHRISTENSEN, Clayton M.; GROSSMAN, Jerome Harvey; HWANG, Jason. Inovação na gestão da saúde: a receita para reduzir custos e aumentar qualidade. Porto Alegre: Bookman, 2009.
LIMA-GONÇALVES, J. E., As empresas são grandes coleções de processos. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.40, n. 1, p.6-19, Jan./Mar. 2000.
NOGUEIRA, Luiz Carlos Lima. Gerenciamento pela qualidade total na saúde. Belo Horizonte, MG: Editora Desenvolvimento Gerencial, 1999. pg.17
PORTER, Michael E.; TEISBERG, Elisabeth O. Repensando a saúde: estratégias para melhorar a qualidade e reduzir os custos. Porto Alegre : Bookman, 2007.
TACHIZAWA, Takeshy; SCAICO, Oswaldo. Organização flexível: qualidade na gestão por processos. São Paulo: Atlas, 1997. 335 p. ISBN 8522416044

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Redução de custos: Que método sua empresa adota?

Por Simone Espindola de Oliveira
Nenhum assunto é mais atual e necessário dentro do ambiente corporativo do que o tema “redução de custos”.
Para as empresas que competem no mercado através de uma estratégia de custos baixos, nada é mais evidente e imprescindível do que este assunto.
No entanto, trabalhar em ações de redução de custos de maneira planejada, orçada, calculando-se os impactos de cada projeto de melhoria nos custos dos produtos e nos resultados globais da empresa antes mesmo destes projetos acontecerem, é ainda atitude adotada por poucas empresas.
A pró-atividade ainda não faz parte da rotina do dia a dia de muitas empresas.
Na realidade, nestas empresas, qualquer ação é tomada apenas quando o ponteiro resultado” aponta para o vermelho. Neste caso, não adianta reduzir mais nada, os competidores já o fizeram primeiro.
Seria como tentar curar uma gripe tomando vacina contra a gripe. O cidadão deveria ter tomado a vacina antes de pegar a gripe.


Custo é gordura. É impossível uma empresa ser financeiramente saudável e competitiva com o colesterol nas alturas.
O ideal é ser proativo e agir de modo a não permitir que o “colesterol” suba, em outras palavras, se não quer ficar “gordo”, corra antes que isto aconteça, pois a profilaxia é infinitamente mais barata que a cura.
O mercado cada vez mais pressiona os preços para baixo e, ao mesmo tempo exige qualidade nos produtos fornecidos.
Em outras palavras, produtos ou serviços, de um modo geral, se aproximam de cada vez mais de uma espécie de commodities do setor secundário ou terciário, com margens unitárias apertadas, produzidos em grandes quantidades e por diferentes produtores/prestadores de serviços (competidores) e, em regra, com um nível de qualidade praticamente uniforme.
Existem empresas que, por exemplo, assinam contrato para fornecer produtos para um determinado cliente já prevendo uma redução de preço para os próximos meses.
Neste caso, obviamente, a empresa só tem uma saída: Ou reduz custo de maneira planejada ou desiste! Baixar a qualidade da matéria-prima (custo variável), nestes casos, é praticamente impossível uma vez que o cliente também já coloca no contrato as especificações do produto com todas as suas exigências em relação a matéria-prima dos produtos encomendados.
Logo, se posicionar como competidor em custos e não utilizar ferramentas e algoritmos adequados para medir, rastrear e reduzir estes custos, faz com que este tipo de “competidor” fique em uma posição de extrema fragilidade perante a concorrência que certamente trabalha no seu dia a dia buscando formas de melhorar seus custos e se tornar mais competitiva.
Sua empresa pode optar por basicamente dois caminhos de redução de custos:
1. Redução de custos “não qualificada”:
Normalmente é focada no custo variável, na matéria-prima.
É aquela redução custo que o cliente percebe e se sente lesado, ou seja, aquela que impacta na qualidade, na vida útil, no volume ou na funcionalidade do produto.
Normalmente estas ações residem em diminuir a quantidade/volume de produto por unidade vendida ou substituindo as matérias-primas por outras de qualidade inferior.
Deste modo a empresa não reduz o seu colesterol, ao contrário, tenta emagrecer fazendo com que o cliente corra por ela e ainda pague por sua ineficiência.
Por ex.: Reduzir o número de metros do rolo do papel higiênico, reduzir o tamanho do pacote de biscoito, colocar soda cáustica e água oxigenada no leite para aumentar o volume, colocar bromato de potássio nos pães, diminuir a quantidade de refrigerante da garrafinha, reduzir o comprimento da camiseta ou piorar a qualidade do produto.
Qualquer pessoa consegue elencar uma série de produtos que pioraram a qualidade do produto ou a quantidade da embalagem ao longo do tempo.
Este tipo de redução de custo é normalmente feita somente em cima do custo variável, ou melhor, focando apenas no custo de matéria-prima.
Há ainda casos piores como as empresas que ainda acreditam que reduzir custos reside no corte do cafezinho, na demissão da secretária ou na baixa qualidade do refeitório.
2. Redução de custos “inteligente” ou redução de custos “Lean”:
É a aquela redução que o cliente não percebe, ou melhor, percebe apenas no reflexo no preço do produto comprado e ainda ganha pontos em fidelização.
Funciona da seguinte maneira: Se a empresa eliminar um desperdício da fábrica, reduzir estoques intermediários, eliminar transportes internos, operações que não agregam valor, melhorar processos de fabricação, substituir maquinas obsoletas por mais modernas, simular e planejar cenários, o cliente não percebe a redução de custo pois esta não impacta na qualidade e nem na vida útil do produto.
Enfim, e a empresa melhora a produtividade, seus custos, pode praticar preços melhores, aumenta seu nível de competitividade e ainda fideliza o cliente.
Além de focar nas operações que não agregam valor ou nos desperdícios ela também pode melhorar a produtividade de uma operação/atividade que agrega valor. Uma ação desta natureza pode, muitas vezes, trazer muito mais retorno para a empresa do que focar apenas na eliminação de um desperdício.
Para simular quais os projetos que são mais vantajosos em termos de redução de custos e retorno financeiro para a empresa, a empresa pode utilizar o módulo de simulação UEP especialmente desenvolvido para simular cenários considerando toda e qualquer variável que pode impactar nos resultados da empresa: mix produtivo, processos alternativos, eliminação de desperdícios, substituição de equipamentos, substituição de processos manuais por automatizados, dissídios salariais, aumento de insumos e/ou matérias-primas etc.
Obviamente, não podemos trabalhar com a idéia de formação de preços de vendas, pois quem faz o preço é o mercado, principalmente para os competidores de estratégia de custos.
O mercado cada vez mais pressiona os preços para baixo e exige qualidade no produto fornecido. Existem casos de empresas que assinam contrato de fornecimento de peças já prevendo uma redução de preço para os próximos meses, cláusula muito comum no fornecimento de peças para a indústria automobilística.
Importante ressaltar: Redução de preço não é redução de custo!
Em outras palavras, eles exigem a redução de preço, mas é a empresa que tem que planejar e realizar ações de redução de custo para que não perca dinheiro. A única alternativa existente para fugir da pressão do mercado é optar por perder os clientes.
Portanto, fazer uso de um modelo matemático para reduzir custos é fundamental.
Logo, devemos partir de um preço de mercado ou preço estratégico, deduzir a margem desejada e trabalhar com a idéia de custo alvo ou “target costing”.
A rentabilidade unitária dos produtos, que depende diretamente dos custos unitários, é informação vital para a elaboração de uma boa estratégia de vendas e na elaboração de um portfólio de produtos mais lucrativo.
Em resumo:
O lucro de uma empresa depende do resultado das vendas que depende das rentabilidades unitárias dos produtos que dependem dos custos unitários destes mesmos produtos e que, para serem favoráveis para a empresa, dependem das ações de melhoria e redução de custos.
Um bom sistema gerencial de custos deve fornecer aos seus usuários no mínimo:
- Precisão: Abandonar médias, rateios e critérios duvidosos de distribuição;
- Capacidade de rastreamento das oportunidades de redução de custos, melhoria nos processos de fabricação e administrativos, identificação e,principalmente, mensuração dos impactos dos desperdícios nos custos dos produtos;
- Simular cenários futuros: um bom sistema gerencial não pode ser limitado aos custos ocorridos no passado. Ele deve prover o usuário de um ambiente de simulação capaz de modelar matematicamente o futuro considerando variáveis como: dissídios salariais, produtos em fase de p&d, mix produtivo, processos alternativos, substituição de equipamentos, projetos kaizen etc.
- Confiabilidade. A pergunta que fica é: Você confia nos seus números de custos?
- Métricas importantes e confiáveis para que a área de vendas monte estratégias mais lucrativas no curto e longo prazo tendo em vista que a missão da área de vendas não é vender. É trazer resultados para a empresa!

Simone Espíndola de Oliveira é Sócia-Diretora da TECNOSUL Consulting Ltda (www.tecnosulconsulting.com.br), autora do livro Gestão de Custos - Metodologia para a Melhoria da Performance Empresarial - Lean Costing Através do Método UEP - Unidade de Esforço de Produção juntamente com Valerio Allora